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  • Conheça quais são as 5 principais doenças do eucalipto

    Conheça quais são as 5 principais doenças do eucalipto

    Quais os principais grupos de doenças que atacam as plantas de eucalipto?

    Apesar do eucalipto ser uma cultura amplamente reconhecida pela sua rusticidade e capacidade de adaptação em diversas condições de cultivo, o monitoramento e controle de doenças nessa cultura deve ser feito com o mesmo critério que as demais culturas agrícolas. 

    Isso porque diversas doenças do eucalipto podem comprometer o retorno financeiro obtido com essa cultura, já que elas afetam tanto a produção quanto a qualidade da madeira . 

    Dentre as principais doenças do eucalipto, que podem ocorrer tanto em condições de viveiro quanto a campo, podemos destacar:

    1. As murchas vasculares do eucalipto

    As murchas vasculares estão entre as principais doenças do eucalipto de maior expressão para a silvicultura brasileira, uma vez que elas podem reduzir significativamente a produtividade e a qualidade da cultura com uma alta taxa de mortalidade das plantas. 

    As duas principais murchas vasculares representantes desse grupo de doenças são a murcha de Ceratocystis, causada pelo fungo Ceratocystis fimbriata, e a murcha vascular bacteriana, causada bactéria Ralstonia solanacearum. 

    Estudos indicam que ambas as doenças têm potencial para causar até 40% de mortalidade das plantas. Somado a isso, no caso da murcha de Ceratocystis,  também podem ocorrer perdas de mais de 50% da produtividade dos talhões afetados. 

    Isso acontece porque as plantas afetadas por essas doenças acabam tendo um grande comprometimento do seu sistema vascular, que é responsável por realizar o transporte e distribuição de água e nutrientes pela planta. 

    Com isso, as plantas vão apresentando uma necrose progressiva do seu sistema vascular, murcha permanente das folhas e morte das árvores, nos estágios mais avançados dessas doenças do eucalipto. 

    Para diferenciar os sintomas da murcha de Ceratocystis e da murcha vascular bacteriana, o agricultor pode observar tanto o lenho quanto as folhas das plantas. 

    Geralmente, o lenho das plantas afetadas pela murcha de Ceratocystis vão apresentar estrias acinzentadas e o escurecimento radial do lenho e vasos das plantas. 

    No caso da murcha vascular bacteriana, é recomendado realizar o decepamento do tronco a 0,5 m de altura do solo e observar se existe a presença da exsudação de um pus bacteriano esbranquiçado. Para facilitar a visualização desse sintoma, o agricultor também pode submergir parte do tronco em um recipiente transparente contendo água. 

    Já no caso das folhas, as plantas afetadas pela murcha vascular bacteriana vão apresentar uma coloração bronzeada, enquanto aquelas afetas pela murcha de Ceratocystis uma coloração palha. 

    Sintomas Da Murcha Vascular Bacteriana (Ralstonia Solanacearum) Do Eucalipto

    Sintomas da murcha vascular bacteriana (Ralstonia solanacearum) do eucalipto (Fonte: Alfenas, A. C. et al., 2006)

    O controle das murchas vasculares normalmente envolve o plantio de mudas sadias e resistentes a essas doenças, fazer a limpeza de ferramentas e equipamentos após a utilização e sempre realizar os tratos culturais e a colheita primeiramente em áreas livres da doença. 

    Em condições de viveiro, o principal cuidado deve ser na etapa de resgate de matrizes-elite no campo, já que essa é considerada a principal fonte de inóculo das murchas vasculares para as matrizes ou minicepas estabelecidas em minijardins clonais.

    2. A ferrugem do eucalipto

    A ferrugem é outra doença muito comum dos plantios florestais que está inclusa dentre as principais doenças do eucalipto que apresentam uma ampla distribuição por todo o país. 

    Diversas espécies de eucalipto são consideradas hospedeiras do fungo Puccinia psidii, o agente causal dessa doença. Dentre elas, podemos destacar: 

    • O eucalipto cloeziana (Eucalyptus cloeziana); 
    • O eucalipto blackbutt (Eucalyptus pilularis); 
    • O eucalipto citradora (Corymbia citriodora); 
    • O eucalipto gigante (Eucalyptus obliqua); 
    • O eucalipto branco (Eucalyptus grandis); 
    • O eucalipto cereja (Eucalyptus saligna). 

    Quando essas espécies de eucalipto são infectadas pelo fungo causador da ferrugem, os tecidos jovens das folhas e o caule das plantas começam a apresentar pontuações cloróticas que evoluem para massas de esporos de coloração amarelo vivo. 

    Com a progressão da doença, essa massa de esporos acaba dando lugar a lesões marrons salientes e rugosas, geralmente delimitadas por um halo arroxeado escuro. E, por fim, os tecidos começam a secar e morrer, adquirindo uma coloração negra de aspecto queimado. 

    Apesar de as perdas aparentes verificadas em condições de campo não compensarem os gastos com a aplicação de fungicidas para o controle da ferrugem, ataques severos dessa doença podem ocorrer em mudas e plantios jovens de até um ano de idade. 

    Dessa forma, para evitar que os danos causados pela ferrugem prejudiquem o potencial produtivo dos eucaliptos, é importante que o agricultor busque cultivar espécies ou cultivares que apresentem resistência a essa doença, como o eucalipto vermelho (Eucalyptus camaldulensis) e o eucalipto tropical (Eucalyptus urophylla). 

    Alguns especialistas também sugerem cuidar da adubação e equilíbrio nutricional das plantas, o que é muito importante, uma vez que estudos preliminares já vêm demonstrando que a deficiência de boro ou o excesso de manganês ou nitrogênio podem aumentar a severidade da ferrugem. 

    3. O cancro do eucalipto

    Dentre as principais doenças do eucalipto que ocorrem nos cultivos, também podemos destacar o cancro do eucalipto. 

    Essa doença já chegou a afetar gravemente a produção brasileira de eucalipto na década de 70 e hoje já é considerada uma doença de ampla distribuição geográfica, incluindo diversos outros países do mundo situados na região tropical e subtropical onde o eucalipto é cultivado. 

    Quando as árvores de eucalipto são afetadas pelo cancro, elas passam a apresentar áreas lesionadas ou injuriadas profundamente no tronco, quase sempre apresentando a formação de um tecido caloso em torno delas. 

    Essas injúrias, além de depreciar o uso da madeira para serraria e prejudicar a segunda rotação da cultura, também acabam reduzindo o rendimento volumétrico e em celulose do eucalipto.  

    A identificação do cancro nos povoamentos florestais de eucalipto pode ser feita observando os troncos e folhas das árvores.  

    Em árvores com idade superior a um ano, o cancro pode provocar a depressão, fendilhamento e intumescimento da casca e do câmbio na região do colo das plantas. 

    Entretanto, em espécies de eucalipto mais suscetíveis a doença, como o eucalipto branco e o eucalipto cereja, podem ser observados cancros mais longos, que se estendem desde a base do tronco até quase o ponteiro das árvores. 

    A longo prazo, esse sintoma acaba provocando o rompimento das áreas afetadas em tiras ou trincas, expondo o lenho do eucalipto. E isso acaba facilitando a entrada de outros fitopatógenos nas plantas e fragilizando a sustentação das árvores. 

    Com isso, as plantas afetadas pelo cancro podem acabar tombando facilmente pela ação do vento ou ainda apresentar morte por estrangulamento do colo, o que faz com que as folhas das árvores sequem e adquiram uma coloração palha.  

    Apesar do potencial destrutivo do cranco, até o momento, o uso de populações resistentes é a única medida viável para o controle dessa doença do eucalipto. 

    Mas, recentemente, novos estudos têm mostrado que solos de baixa qualidade podem predispor as plantas a uma maior incidência do cancro. 

    https://youtube.com/watch?v=CqlFnHfXIq0%3Fenablejsapi%3D1%26autoplay%3D0%26cc_load_policy%3D0%26cc_lang_pref%3D%26iv_load_policy%3D1%26loop%3D0%26modestbranding%3D1%26rel%3D0%26fs%3D1%26playsinline%3D0%26autohide%3D2%26theme%3Ddark%26color%3Dred%26controls%3D1%26

    O solo é o ponto de partida para alcançar altas produtividades na agricultura de modo geral, e na cultura do eucalipto não é diferente.

    Portanto, o cuidado com a fertilidade do solo e todas as demais práticas de manejos da cultura também são estratégias muito importantes para minimizar a ocorrência dessa doença do eucalipto nos povoamentos florestais. 

    4. As manchas foliares do eucalipto

    As manchas foliares são outro grupo que está incluso entre as doenças do eucalipto mais comuns, tanto em viveiros de mudas quanto nas plantações a campo. 

    Apesar de as manchas foliares aparentemente não sugerirem ser um grupo de doenças graves, prejuízos sérios têm ocorrido nos estados de Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo e região Amazônica, principalmente em épocas chuvosas. 

    Essas doenças do eucalipto são responsáveis por causar lesões foliares severas e desfolha intensa das plantas atacadas.  

    E isso acaba prejudicando severamente a capacidade da planta em produzir fotoassimilados que seriam direcionados para o crescimento em altura e diâmetro das árvores. 

    Dentre as manchas foliares mais comuns que podem ocorrer no eucalipto, pode-se destacar: 

    • A mancha de Cylindrocladium, causada pelo fungo Cylindrocladium candelabrum: provoca manchas foliares de coloração marrom claro, marrom arroxeado ou cinza nos bordos do limbo; 
    • A mancha de Coniella, causada pelo fungo Coniella fragariae: provoca manchas foliares em formas de halos concêntricos, estreitos e de coloração amarelada escurecida; 
    • A mancha de micosferelacausada pelo fungo Mycosphaerella fragariae: provoca manchas foliares anelares-coriáceas marrons mais escuras de um lado da folha do que do outro, ou largas áreas necróticas de coloração marrom-clara a amarelada; 
    • A mancha de Phaeoseptoria, causada pelo fungo Phaeoseptoria eucalypti: provoca manchas foliares e lesões angulares amareladas dispersas ou agrupadas em ambas as superfícies do limbo das folhas, que podem adquirir uma coloração marrom-arroxeada com o tempo. 

    É o que explica Álvaro Figueredo do Santos e outros pesquisadores, no estudo Doenças do eucalipto no sul do Brasil: identificação e controle. 

    Normalmente, o controle das manchas foliares é feito com pulverizações preventivas e curativas de fungicidas em condições de viveiro, associado ao plantio de espécies já comprovadamente resistentes a essas doenças do eucalipto. 

    Além disso, estudos sugerem que a deficiência de alguns nutrientes em mudas rustificadas de eucalipto, como o fósforo e o zinco, podem favorecer a infecção das plantas por alguns tipos de manchas foliares. 

    Dessa forma, é importante que o agricultor esteja sempre monitorando a aplicação adequada de fertilizantes e o equilíbrio nutricional do solo dos seus talhões.

    5. As podridões do eucalipto

    Por fim, dentro do grupo das principais doenças do eucalipto também podemos destacar a relevância econômica que as podridões têm para os viveiros e plantios florestais dessa cultura no Brasil. 

    Em condições de viveiro, os dois principais tipos de podridões que podem ocorrer nas plantas são a podridão da raiz e a podridão das estacas. 

    A podridão da raiz do eucalipto tem sido relatada principalmente em viveiros com sistemas de tubetes, uma vez que as condições de alta umidade e má aeração do substrato criam condições favoráveis a ocorrência de fungos dos gêneros Phytophthora, Pythium e Fusarium  que causam essa doença. 

    A podridão das estacas também é outra doença do eucalipto presente em viveiros que pode apresentar múltiplos agentes causais, como as espécies de fungos dos gêneros Cylindrocladium, Colletotrichum, Fusarium e Rhizoctonia. 

    Ela geralmente é caracterizada pelo escurecimento da região de interface da estaca com o substrato, que avança em direção ao ápice da estaca, provocando a morte das gemas e impedindo o seu enraizamento

    Mortalidade(A) E Podridão Na Base (B E C) De Miniestacas De Eucalyptus Benthamii Em Casa De Vegetação

    Mortalidade(A) e podridão na base (B e C) de miniestacas de Eucalyptus benthamii em casa de vegetação (Fonte: Coelho, T. A. V. et al., 2019) 

    Como a ocorrência da podridão das estacas é fortemente influenciada pelas condições do viveiro, recomenda-se a adoção de múltiplas estratégias de controle cultural, químico e físico. Dentre os quais podemos destacar: 

    • O uso de semeadura direta em tubetes suspensos, com sementes, substrato e água de irrigação livres de patógenos; 
    • A inoculação de linhagens ou de espécies eficientes de Trichoderma antes da semeadura; 
    • A desinfestação de caixas e recipientes com vapor ou água quente; 
    • A adubação equilibrada das mudas; 
    • A aplicação de fungicidas. 

    Já em condições de campo, a podridão de ocorrência mais comum e relevante para a cultura do eucalipto é a podridão do cerne, que é causada por uma grande variedade de fungos dos gêneros dos filos Ascomycota  e Basidiomycota. 

    Essa doença do eucalipto é frequentemente relatada na região sul do Brasil e no estado do Mato Grosso, podendo afetar até 85% das árvores de um povoamento florestal dependendo da espécie cultivada e das condições do local. 

    Diferentemente das demais doenças do eucalipto, a podridão do cerne não gera sintomas externos no tronco da árvore. E, isso é um grande problema para o seu monitoramento e controle, já que os danos são observados somente após o corte das árvores. 

    Árvores de eucalipto afetadas pela podridão do cerne normalmente vão apresentar uma podridão interna esbranquiçada ou parda, que ocorre mais pronunciadamente na região medular do tronco. 

    Um dos primeiros passos para se mitigar os danos causados pela podridão do cerne, consiste no plantio de procedências ou clones tolerantes a essa doença fora das zonas de áreas de risco, que devem ser previamente identificadas com o auxílio de um profissional especializado. 

    Além disso, como algumas pesquisas sugerem que a podridão pode ocorrer em função da ausência da proteção interna da árvore e da debilitação fisiológica das árvores doentes, especialistas apontam que o manejo adequado da adubação pode também ser uma importante estratégia para o manejo dessa doença do eucalipto. 

    É o que destacam Celso Garcia Auer e outros pesquisadores, no artigo A podridão do cerne em árvores vivas no Brasil. 

    O manejo das principais doenças do eucalipto exige um monitoramento constante dos viveiros e das florestas plantadas

    Em resumo, podemos perceber que o eucalipto é uma cultura que pode ser acometida por uma ampla variedade de doenças, tanto em condições de viveiro quanto em condições de campo. 

    Por isso, é muito importante que o agricultor estabeleça um bom programa de monitoramento de doenças na sua propriedade, fazendo a amostragem periódica das plantas dos viveiros e talhões, a fim de identificar a presença das principais doenças do eucalipto. 

    Complementarmente, também é importante que ele esteja sempre atento a aplicação de fontes e doses adequadas de nutrientes, uma vez que essa estratégia permite o fortalecimento das defesas naturais das plantas contra os fitopatógenos. 

    Assim, a associação do monitoramento, nutrição das plantas e outras estratégias singulares para o controle de cada doença do eucalipto irão favorecer a boa produtividade e qualidade das mudas, madeira e outros produtos florestais obtidos com a exploração do eucalipto! 

  • Quais são as 7 principais doenças do café?

    Quais são as 7 principais doenças do café?

    Os sintomas e práticas de manejo das principais doenças do café

    O manejo das doenças do café ainda é um desafio que muitos cafeicultores enfrentam no seu dia a dia, já que muitas delas apresentam particularidades únicas tanto de sintomas quanto de formas de transmissão. 

    Dessa forma, saber identificar corretamente as doenças do café no campo e as suas principais práticas de manejo pode se tornar um diferencial em propriedades que buscam explorar o máximo potencial produtivo e de qualidade dos seus cafezais. 

    Dentre as principais doenças que podem ocorrer em um cafezal, podemos destacar 7 delas que apresentam uma grande importância econômica para a cultura. São elas:

    1. A cercosporiose

    A cercosporiose, também conhecida como mancha-de-olho-pardo ou olho-de-pomba, é considerada uma das doenças do café mais antigas e que está presente em todas as regiões cafeeiras do Brasil. 

    Ela é responsável por provocar perdas de até 30% na produtividade do café, ganhando grande importância econômica principalmente na região do Cerrado, em solos de baixa fertilidade natural ou ainda em regiões afetadas pelas mudanças climáticas. 

    Os danos causados por essa doença variam de acordo com o estádio de desenvolvimento das plantas de café. 

    Nos estádios iniciais de desenvolvimento da planta, a cercosporiose pode provocar o raquitismo das mudas, o atraso no crescimento do café e a queda prematura das folhas.  

    Já em lavouras jovens e adultas, os sintomas dessa doença do café consistem em seca de ramos produtivos, amadurecimento precoce e chochamento dos frutos e queda prematura das folhas e frutos. 

    Outra característica marcante da cercosporiose em café é a presença de manchas circulares castanhas envoltas por um halo amarelado e com o centro branco-acinzentado, que são causadas pelo ataque do fungo Cercospora coffeicola

    Para o controle dessa doença, recomenda-se fazer o bom preparo do solo, ajustando adequadamente as doses de corretivos e fertilizantes, especialmente na fase de pegamento, primeira produção e nos anos de carga pendente alta. 

    Além disso, em épocas de elevada insolação, ventos e deficiência hídrica, pode ser necessário utilizar o controle químico, já que essas condições predispõem as plantas de café ao ataque da cercosporiose. 

    2. A ferrugem do cafeeiro

    A ferrugem do café, também conhecida como a ferrugem das folhas do café, é considerada uma das doenças mais graves e prejudiciais para as lavouras cafeeiras do Brasil, especialmente para as cultivares comerciais de Coffea arabica

    Quando presente no cafezal, essa doença é responsável por promover uma intensa desfolha da planta, causando prejuízos severos para a produtividade e qualidade do café na safra subsequente da cultura. 

    Isso acontece porque o agente causal da doença, o fungo Hemileia vastatrix, se desenvolve no tecido vivo das folhas do café, o que acaba destruindo e necrosando partes do tecido foliar nos estádios mais avançados da doença. 

    De forma geral, a presença da ferrugem do café é constatada quando existe a presença de manchas circulares de cor amarelo-alaranjada nas folhas, que apresentam um aspecto empoeirado e pulvurulento na face inferior foliar. 

    Sintomas Da Ferrugem Do Café

    Sintomas da ferrugem do café (Fonte: Matiello, J. B – CaféPoint, 2022)

    Para fazer o monitoramento dessa doença, especialistas recomendam realizar uma avaliação mensal dos talhões a partir do mês de dezembro, coletando de 100 a 300 folhas do terço médio das plantas por talhão. 

    Entretanto, mesmo antes da constatação dessa doença do café nas lavouras, recomenda-se a aplicação de produtos preventivos ou protetores para retardar ao máximo o início do controle da ferrugem do café. 

    Adicionalmente, medidas como o plantio de cultivares resistentes, a adubação equilibrada da lavoura e a realização adequada das podas das plantas são também muito importantes para evitar a progressão da doença. 

    3. As manchas foliares

    Além da ferrugem do café, existem outras doenças de grande importância econômica para a cultura que também causam a intensa desfolha das plantas. Elas são as manchas foliares do café. 

    As manchas foliares do café são um grupo de doenças de ampla ocorrência no Brasil e que possuem diferentes agentes causais, dependendo da susceptibilidade da lavoura e das condições do ambiente. 

    Um desses agentes causais é o fungo Phoma costarricensis, causador da doença conhecida como mancha de phoma. Ele, além de causar manchas circulares de coloração escura nas folhas, é conhecido por provocar lesões nos ramos, botões florais, flores e frutos no estádio de chumbinho. Lesões essas que acabam levando a perdas de produtividade do café pela: 

    • Redução da área fotossinteticamente ativa das plantas; 
    • Morte, mumificação e queda dos órgãos atacados; 
    • Seca dos ponteiros e das extremidades dos ramos. 

    Outro patógeno de grande relevância para a cultura do café é a bactéria Pseudomonas syringae, o agente causal da doença conhecida como mancha-aureolada do cafeeiro. 

    Como o próprio nome sugere, essa doença do café é caracterizada pela presença de lesões pardas nas folhas circundadas por um halo amarelado, que causam prejuízos significativos principalmente em mudas de café de viveiros. 

    Mesmo assim, quando as condições do ambiente são favoráveis, a mancha-aureolada do cafeeiro também pode ocorrer em lavouras adultas e em formação e ainda causar a seca dos ramos laterais e ponteiros em cafeeiros novos. 

    Entre as manchas foliares do café de grande relevância econômica, também está inclusa a mancha anular do cafeeiro, causada pelo Coffee ringspot virus (CoRSV). 

    Diferentemente da mancha de phoma e da mancha-aureolada, essa doença do café depende de um vetor para se dispersar dentro da lavoura. E esse vetor é representado principalmente pela espécie de ácaro Brevipalpus phoenicis. 

    Inicialmente a mancha anular do cafeeiro não representava uma grande ameaça para a produção de café no Brasil.  

    Todavia, a elevação da população do ácaro nas últimas décadas, em razão das mudanças climáticas e do uso contínuo de insumos cúpricos, intensificou significativamente a ocorrência dessa virose nos plantios comerciais do país. 

    A presença da mancha anular nos cafezais geralmente é constatada pela presença de manchas cloróticas ou necróticas alongadas em formas de anéis nas folhas e nos frutos na fase cereja. Também pode haver o aparecimento de ramos tenros e verdes em casos de ataques mais severos. 

    Para evitar a sua ocorrência e disseminação, é recomendado realizar o controle do ácaro vetor com a aplicação de acaricidas seletivos e com a manutenção do equilíbrio biológico da lavoura, buscando preservar espécies de ácaros predadores. 

    Além disso, no caso da mancha de phoma e da mancha-aureolada, também é recomendado ter uma abordagem mais preventiva dessas doenças do café, fazendo a implantação de quebra-ventos e eliminando os focos da doença dentro da lavoura.

    4. A rizoctoniose

    A rizoctoniose, diferentemente das manchas foliares, é uma doença da cultura do café que afeta principalmente o tronco e o colo do café, podendo causar perdas econômicas significativas em sementeiras, viveiros de mudas e em plantas com um ano após o plantio. 

    Isso acontece porque o fungo Rhizoctonia solani, agente causal da doença, provoca lesões no colo e nas raízes do café, levando à murcha e à morte de plântulas e o tombamento de plantas em forma de reboleira. 

    A inibição do crescimento das plantas também é outro sintoma observado, uma vez que esse fungo patogênico é capaz de produzir toxinas que tem um efeito inibidor sobre o desenvolvimento do café. 

    Sintomas De Rizoctoniose Em Plantas De Cafeeiro Conilon Com 1,5 Ano De Idade

    Sintomas de rizoctoniose em plantas de cafeeiro Conilon com 1,5 ano de idade (Fonte: Júnior, J. R. – Embrapa, 2015)

    A presença desse fungo nas lavouras normalmente é mais facilmente identificada durante os períodos mais úmidos do ano, já que essa condição acaba favorecendo o aparecimento de uma bainha esbranquiçada na base dos caules necrosados. 

    O controle do agente causal da rizoctniose pode ser feito por meio do tratamento químico das sementes e dos canteiros e evitando o excesso de umidade e sombra nos canteiros.

    5. A roseliniose

    A roseliniose, também conhecida como mal-de-quatro-anos ou mal rosado, é outra das doenças do café conhecida por atacar o sistema radicular da planta, causando: 

    • O amarelecimento e murcha das plantas; 
    • O desprendimento fácil da casca; 
    • O escurecimento das raízes; 
    • A queda das folhas; 
    • A morte dos ramos. 

    Essa doença, geralmente ocorre em lavouras novas e em áreas de plantio anteriormente ocupadas por florestas. Isso porque o seu agente causal, o fungo Rosellinia sp., normalmente se desenvolve na matéria orgânica e em restos de troncos e raízes de árvores em decomposição. 

    Por isso, é muito importante fazer a catação rigorosa das raízes e pedaços de madeira da área antes e depois do preparo inicial do solo, como também a calagem adequada da área, a fim de favorecer a decomposição da matéria orgânica do solo. 

    Além disso, também é importante evitar ferimentos na região do colo e nas raízes mais superficiais durante a operação de capina e outras práticas de manejo, para evitar que o fungo colonize as plantas de café. 

    Contudo, se forem verificadas na área plantas acometidas pela roseliniose, recomenda-se fazer o arranquio e queima das plantas atacadas, fazendo o replantio nos talhões afetados três meses após o preparo e tratamento das covas com cal viva.

    6. O amarelinho

    O amarelinho do café também está entre as principais doenças do café que vem preocupando muitos cafeicultores no Brasil, uma vez que as alternativas de controle químico dela ainda não são eficazes. 

    O agente causal do amarelinho do café, a bactéria Xylella fastidiosa, apesar de não provocar a morte súbita do cafeeiro, acaba gerando danos pela obstrução física dos vasos condutores de seiva das plantas como: 

    A transmissão do amarelinho, depende de diversas espécies de cigarrinhas sugadoras do xilema, que são o vetor dessa doença do café. Elas, ao se alimentarem de plantas doentes, acabam adquirindo a bactéria e transmitindo o agente causal do amarelinho para plantas sadias. 

    Dessa forma, monitorar e controlar as populações dos insetos vetores é imprescindível para garantir o controle do amarelinho nos talhões. 

    Além disso, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também recomenda evitar condições de estresse das plantas no campo, a fim de reduzir os efeitos negativos da bactéria na cultura, como aqueles causados: 

    • Pelo desequilíbrio nutricional das plantas; 
    • Pelos períodos de estiagem
    • Pelo ataque de nematoides. 
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    Existem diversas práticas que podem ajudar a minimizar os impactos negativos dos estresses nas plantas. No caso do estresse hídrico, uma das estratégias que podem ser utilizada pelo agricultor é a aplicação de silício.

    7. A fusariose

    Por fim, a fusariose é outra das doenças do café que também atua no sistema vascular das plantas. 

    Essa doença, também conhecida como murcha do café, é capaz de provocar a murcha, amarelecimento e morte do caule e dos ramos laterais do café. Sintomas esses que progridem da copa do café em direção ao baixeiro das plantas. 

    Só que, diferentemente do amarelinho, os sintomas da fusariose são provocados pelas toxinas produzidas por algumas espécies de fungos patogênicos do gênero Fusarium. 

    Essas espécies de fungos patogênicos são capazes de infectar as plantas de café principalmente através de ferimentos causados por podas, capinas e outros agentes patogênicos. 

    A incidência da fusariose em lavouras de café normalmente varia em função da espécie das plantas. Enquanto nas lavouras de café arábica a ocorrência dessa doença será mais comum em plantas mais velhas, em lavouras de café robusta/conilon, os danos podem ocorrer muito mais cedo. 

    Dessa forma, é muito importante adotar medidas preventivas que evitem a entrada do fungo nos talhões, como realizar o controle adequado de pragas e as práticas de manejo cultural, de forma que não provoque danos mecânicos nas plantas. 

    Entretanto, caso sejam identificadas plantas de café com sintomas de fusariose, recomenda-se fazer o arranquio e eliminação das mesmas. 

    O controle das doenças do café exige o conhecimento das diferentes particularidades dos seus agentes causais

    Em conclusão, podemos perceber que cada doença do café apresenta diferentes padrões sintomáticos e formas de transmissão, dependendo do ciclo de vida e características de cada agente causal. 

    Além disso, também observamos que diferentes fatores bióticos e abióticos, como o ataque de pragas e a nutrição de plantas, podem afetar a dinâmica das doenças nos cafezais. 

    Por isso, o conhecimento das particularidades de cada agente causal e sua interação com o ambiente pode se tornar um diferencial na hora de determinar qual o conjunto de estratégias que será mais eficiente para realizar o controle das doenças do café. 

    Nesse sentido, ações complementares como a manutenção da fertilidade do solo e a adubação com fertilizantes adequados são ferramentas importantes, já que essas práticas ajudam as plantas a lidar melhor com as doenças